A um jovem Poeta

Você, que ainda é puro e sabe o quão fundamental é ela para a sua aventura de poeta, fica irado contra os outros, ao sentir que a sua presente agressividade é fruto de um complexo de culpa. É você, não os outros, quem está em crise. E se os outros também o estiverem, razão a mais para você afirmar-se em sua luta, que é a luta de todo poeta, para ajudá-lo a sair dela. Pois você não auxiliará ninguém, muito menos a si mesmo, se seu coração não estiver limpo de ressentimento e sua luta contra "o outro" não for constante. "O outro", não preciso dizer, é você próprio. É o súcubo que, todos, temos dentro de nós; o ser calhorda, comprável com a moeda da mentira e da lisonja, que de repente adota a gratuidade como norma, por isso que a paixão é mais insaciável que o infinito aberto em cima. E a paixão não se vende nunca.
Cada poeta é uma coisa em si, mas todos os poetas devem o mesmo à Poesia: a própria vida. Há, o poeta, que queimar-se e causar sempre mal-estar aos que não se queimam. Há que ser o grande ferido, o grande inconformado, o grande pródigo. Há que viver em pranto por dentro e por fora, de alegria ou de sofrimento, e nunca dizer "não" a ninguém, nem mesmo àqueles que optaram pelo não chorar.
Você meu caro Jovem Poeta, que foi dotado de talento e de beleza, não tem o direito de negar-se ao seu martírio. Só ele pode tornar a sua poesia emocionante. Só ele pode salvá-lo do formalismo em que caem os que se recusam a estar sempre despertos. É preciso que todos vejam a luz que seu coração transverbera, mesmo coberto por bons panos. Não negue o seu olhar de poeta aos homens que precisam dele, mesmo tendo o pudor de confessá-lo. Abra a sua camisa e saia para o grande encontro.
Vinicius de Moraes

domingo, 30 de maio de 2010

O rosto de Deus!

Estava pensando seriamente se deveria escrever esta reflexão, fruto de alguns momentos do Congresso Eucarístico Nacional que aconteceu este mês em Brasília. Cheguei a conclusão que vale a pena. Aproveito que celebramos neste domingo a solenidade da Santíssima Trindade: quando contemplamos um Deus em três e tentamos explicar esse mistério começamos a fazer Teologia, mesmo com a nossa linguagem tão pobre e limitada. A criatura só pode falar de seu criador com todas as suas limitações, assim como a ciência nunca descreverá a realidade totalmente pois esta é tão rica!

Foi sobre este mesmo assunto que me deparei lá em Brasília, alguém me dizia que determinada pessoa transpirava Deus. Eu me alegrei de certa forma que queria conhecer este Santo! acabei me frustrando, pois vi um "papagaio", com todo respeito, que falava de igreja, religião, de Deus, mas na sua ação não via Deus. Sei que não sou o mais "justo" dos cristãos para escrever isso. Mas depois de uma breve reflexão descobri que a mesma pessoa que me indicou aquele que "transpirava Deus", esse sim, eu encontrei um portador de Deus.

Um pai de família que luta de segunda a sexta pelos seus filhos, me mostrou um rosto paterno que cuida de nós como filhos.Encontrei um amante de sua esposa: como esses dois se amavam... foi ai que vi um rosto de Deus que é amor verdadeiro e fiel. Encontrei um sujeito acolhedor, vi a face de um Deus que nos acolhe apesar de nossos erros e desvios. como erramos tanto! Encontrei um ser que se relacionava livremente com as pessoas e respeitava a individualidade e opção de cada um, foi ai que me deparei com Deus que cria os homens livres para fazer seus caminhos, utilizar da liberdade para fazer bom uso do dom da vida, mesmo quando tropeça.

Você pode até me questionar se em quatro dias vi este homem que me remetia diretamente a Deus, mas é uma verdade. Por mais que seja pouco tempo e muitas vezes esse homem possa se mostrar o contrário do que eu falei, mas mesmo assim, ele erra tentando acertar. Com certeza ele não sabe disso, talvez nunca saberá, mas a vida é assim encontramos o rosto de Deus, carregamos em nossos olhos essa dádiva, ainda que seja em "vasos de barro", mas não sabemos, o importante é sempre o rosto e outro a quem tal rosto é dirigido.

Como eu falei no inicio, Wittgenstein estava certo ao falar dos limites que a linguagem tem para explicar determinada coisa: sei bem que tudo que falei não explica Deus, pois ele é totalmente "O Outro", o Absoluto que nunca vai deixar se prender por nossa mensagem conceitual. mas procure ao seu redor ver o rosto de Deus, é tão multiforme... Quem sabe você vai ver faces diferentes da que eu vi. Com certeza o meu amigo viu aquilo que eu não consegui ver Deus além das aparências e sem preconceito.    


segunda-feira, 24 de maio de 2010

Ponderações

Penasr não faz mal a ninguém! esse final de semana fiquei sabendo de algumas historias de pessoas que desenvolveram patologias psíquicas por viveram do pensamento. na verdade não pensaram direito. não foram felizes, por que desligaram-se do mundo, condição "sine qua nom" de todo aquele que existe. montaram um novo mundo, desenvolveram uma dificuldade de interagir com a realidade. em outras palavras: há um descompasso entre mundo interior e mundo exterior.

Artur Schopenhauer, havia denunciado práticas, não muito incomuns a hoje. O famoso pessimista do século XIX, afirmava contundentemente àqueles que faziam do exercício intelectual, meios de garantir status. e o pior tal intelectualidade não era fruto de um exercício de pensamento, mas de reprodução e vomitação de tudo que era lido. Radical ou não, ele defendia a idéia a qual os livros eram fontes a serem bebidos, ao ler muitos livros não tinhamos a oportunidade de rfletir, ruminar, mastigar sua riqueza. Para o pensador contrário a Hegel, devemos recorer aos livros quando a fonte de nossos pensamentos secasse.

Penso nas nossas escolas que há puco tempo conseguiram que a Filosofia, primeira mestra na arte do pensamento, entrasse no currículo. Penso nos grandes pastores, padres, mestres religiosos de tantas denominações. Penso naqueles que nos governam. Penso nos jovens cuja única preocupação está nas baladas da vida. Penso em mim mesmo quando não penso e somente memorizo e vomito aquilo que outro com tanto suor pensou. Como sou um ladrão. Temos que aprender a pensar.