Estava pensando seriamente se deveria escrever esta reflexão, fruto de alguns momentos do Congresso Eucarístico Nacional que aconteceu este mês em Brasília. Cheguei a conclusão que vale a pena. Aproveito que celebramos neste domingo a solenidade da Santíssima Trindade: quando contemplamos um Deus em três e tentamos explicar esse mistério começamos a fazer Teologia, mesmo com a nossa linguagem tão pobre e limitada. A criatura só pode falar de seu criador com todas as suas limitações, assim como a ciência nunca descreverá a realidade totalmente pois esta é tão rica!
Foi sobre este mesmo assunto que me deparei lá em Brasília, alguém me dizia que determinada pessoa transpirava Deus. Eu me alegrei de certa forma que queria conhecer este Santo! acabei me frustrando, pois vi um "papagaio", com todo respeito, que falava de igreja, religião, de Deus, mas na sua ação não via Deus. Sei que não sou o mais "justo" dos cristãos para escrever isso. Mas depois de uma breve reflexão descobri que a mesma pessoa que me indicou aquele que "transpirava Deus", esse sim, eu encontrei um portador de Deus.
Um pai de família que luta de segunda a sexta pelos seus filhos, me mostrou um rosto paterno que cuida de nós como filhos.Encontrei um amante de sua esposa: como esses dois se amavam... foi ai que vi um rosto de Deus que é amor verdadeiro e fiel. Encontrei um sujeito acolhedor, vi a face de um Deus que nos acolhe apesar de nossos erros e desvios. como erramos tanto! Encontrei um ser que se relacionava livremente com as pessoas e respeitava a individualidade e opção de cada um, foi ai que me deparei com Deus que cria os homens livres para fazer seus caminhos, utilizar da liberdade para fazer bom uso do dom da vida, mesmo quando tropeça.
Você pode até me questionar se em quatro dias vi este homem que me remetia diretamente a Deus, mas é uma verdade. Por mais que seja pouco tempo e muitas vezes esse homem possa se mostrar o contrário do que eu falei, mas mesmo assim, ele erra tentando acertar. Com certeza ele não sabe disso, talvez nunca saberá, mas a vida é assim encontramos o rosto de Deus, carregamos em nossos olhos essa dádiva, ainda que seja em "vasos de barro", mas não sabemos, o importante é sempre o rosto e outro a quem tal rosto é dirigido.
Como eu falei no inicio, Wittgenstein estava certo ao falar dos limites que a linguagem tem para explicar determinada coisa: sei bem que tudo que falei não explica Deus, pois ele é totalmente "O Outro", o Absoluto que nunca vai deixar se prender por nossa mensagem conceitual. mas procure ao seu redor ver o rosto de Deus, é tão multiforme... Quem sabe você vai ver faces diferentes da que eu vi. Com certeza o meu amigo viu aquilo que eu não consegui ver Deus além das aparências e sem preconceito.