Hoje, 20 de outubro, é o Dia do Poeta. O poeta é um artífice que faz da poesia a sua arte e do poema a sua obra. Profissional que tem a singular capacidade de perceber o mundo a sua volta e colocá-lo em uma folha de papel, trazendo à tona os mais íntimos sentimentos, compartilhando-os com seus leitores e tornando-os mais humanos.
Por meio de seus versos e poesias, nos permite viver momentos de alegria, fantasias, reflexões e sonhos, transformando a realidade ou, até mesmo, levando-nos a ela. Assim, o poeta pode ser tanto um sonhador, como um realista, capaz de manusear as palavras com maestria e perfeição. Para comemorar vejamos o poema de Olavo Bilac, expoente do movimento parnasianista em que louva seu ofício de escritor!
Profissão de fé
Invejo o ourives quando escrevo:
Imito o amor
Com que ele, em ouro, o alto relevo
Faz de uma flor.
Imito-o. E, pois, nem de Carrara
A pedra firo:
O alvo cristal, a pedra rara,
O ônix prefiro.
Por isso, corre, por servir-me,
Sobre o papel
A pena, como em prata firme
Corre o cinzel.
Corre; desenha, enfeita a imagem,
A idéia veste:
Cinge-lhe ao corpo a ampla roupagem
Azul-celeste.
Torce, aprimora, alteia, lima
A frase; e, enfim,
No verso de ouro engasta a rima,
Como um rubim.
Quero que a estrofe cristalina,
Dobrada ao jeito
Do ourives, saia da oficina
Sem um defeito:
E que o lavor do verso, acaso,
Por tão subtil,
Possa o lavor lembrar de um vaso
De Becerril.
E horas sem conto passo, mudo,
O olhar atento,
A trabalhar, longe de tudo
O pensamento.
Porque o escrever - tanta perícia,
Tanta requer,
Que oficio tal... nem há notícia
De outro qualquer.
Assim procedo. Minha pena
Segue esta norma,
Por te servir, Deusa serena,
Serena Forma!
quinta-feira, 20 de outubro de 2011
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