A um jovem Poeta

Você, que ainda é puro e sabe o quão fundamental é ela para a sua aventura de poeta, fica irado contra os outros, ao sentir que a sua presente agressividade é fruto de um complexo de culpa. É você, não os outros, quem está em crise. E se os outros também o estiverem, razão a mais para você afirmar-se em sua luta, que é a luta de todo poeta, para ajudá-lo a sair dela. Pois você não auxiliará ninguém, muito menos a si mesmo, se seu coração não estiver limpo de ressentimento e sua luta contra "o outro" não for constante. "O outro", não preciso dizer, é você próprio. É o súcubo que, todos, temos dentro de nós; o ser calhorda, comprável com a moeda da mentira e da lisonja, que de repente adota a gratuidade como norma, por isso que a paixão é mais insaciável que o infinito aberto em cima. E a paixão não se vende nunca.
Cada poeta é uma coisa em si, mas todos os poetas devem o mesmo à Poesia: a própria vida. Há, o poeta, que queimar-se e causar sempre mal-estar aos que não se queimam. Há que ser o grande ferido, o grande inconformado, o grande pródigo. Há que viver em pranto por dentro e por fora, de alegria ou de sofrimento, e nunca dizer "não" a ninguém, nem mesmo àqueles que optaram pelo não chorar.
Você meu caro Jovem Poeta, que foi dotado de talento e de beleza, não tem o direito de negar-se ao seu martírio. Só ele pode tornar a sua poesia emocionante. Só ele pode salvá-lo do formalismo em que caem os que se recusam a estar sempre despertos. É preciso que todos vejam a luz que seu coração transverbera, mesmo coberto por bons panos. Não negue o seu olhar de poeta aos homens que precisam dele, mesmo tendo o pudor de confessá-lo. Abra a sua camisa e saia para o grande encontro.
Vinicius de Moraes

segunda-feira, 24 de maio de 2010

Ponderações

Penasr não faz mal a ninguém! esse final de semana fiquei sabendo de algumas historias de pessoas que desenvolveram patologias psíquicas por viveram do pensamento. na verdade não pensaram direito. não foram felizes, por que desligaram-se do mundo, condição "sine qua nom" de todo aquele que existe. montaram um novo mundo, desenvolveram uma dificuldade de interagir com a realidade. em outras palavras: há um descompasso entre mundo interior e mundo exterior.

Artur Schopenhauer, havia denunciado práticas, não muito incomuns a hoje. O famoso pessimista do século XIX, afirmava contundentemente àqueles que faziam do exercício intelectual, meios de garantir status. e o pior tal intelectualidade não era fruto de um exercício de pensamento, mas de reprodução e vomitação de tudo que era lido. Radical ou não, ele defendia a idéia a qual os livros eram fontes a serem bebidos, ao ler muitos livros não tinhamos a oportunidade de rfletir, ruminar, mastigar sua riqueza. Para o pensador contrário a Hegel, devemos recorer aos livros quando a fonte de nossos pensamentos secasse.

Penso nas nossas escolas que há puco tempo conseguiram que a Filosofia, primeira mestra na arte do pensamento, entrasse no currículo. Penso nos grandes pastores, padres, mestres religiosos de tantas denominações. Penso naqueles que nos governam. Penso nos jovens cuja única preocupação está nas baladas da vida. Penso em mim mesmo quando não penso e somente memorizo e vomito aquilo que outro com tanto suor pensou. Como sou um ladrão. Temos que aprender a pensar.

 

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