A um jovem Poeta

Você, que ainda é puro e sabe o quão fundamental é ela para a sua aventura de poeta, fica irado contra os outros, ao sentir que a sua presente agressividade é fruto de um complexo de culpa. É você, não os outros, quem está em crise. E se os outros também o estiverem, razão a mais para você afirmar-se em sua luta, que é a luta de todo poeta, para ajudá-lo a sair dela. Pois você não auxiliará ninguém, muito menos a si mesmo, se seu coração não estiver limpo de ressentimento e sua luta contra "o outro" não for constante. "O outro", não preciso dizer, é você próprio. É o súcubo que, todos, temos dentro de nós; o ser calhorda, comprável com a moeda da mentira e da lisonja, que de repente adota a gratuidade como norma, por isso que a paixão é mais insaciável que o infinito aberto em cima. E a paixão não se vende nunca.
Cada poeta é uma coisa em si, mas todos os poetas devem o mesmo à Poesia: a própria vida. Há, o poeta, que queimar-se e causar sempre mal-estar aos que não se queimam. Há que ser o grande ferido, o grande inconformado, o grande pródigo. Há que viver em pranto por dentro e por fora, de alegria ou de sofrimento, e nunca dizer "não" a ninguém, nem mesmo àqueles que optaram pelo não chorar.
Você meu caro Jovem Poeta, que foi dotado de talento e de beleza, não tem o direito de negar-se ao seu martírio. Só ele pode tornar a sua poesia emocionante. Só ele pode salvá-lo do formalismo em que caem os que se recusam a estar sempre despertos. É preciso que todos vejam a luz que seu coração transverbera, mesmo coberto por bons panos. Não negue o seu olhar de poeta aos homens que precisam dele, mesmo tendo o pudor de confessá-lo. Abra a sua camisa e saia para o grande encontro.
Vinicius de Moraes

sexta-feira, 8 de julho de 2011

140 caracteres de amor!


É fato que nosso mundo é carente. Temos milhares de canais para estarmos ligados full time aos amigos e ainda criarmos novas amizades, encontrarmos pessoas com interesses em comum e criarmos vínculos com elas.
Mas, por tanta possibilidade de comunicação, a solidão pode doer mais. Afinal, está tudo ali. Quem quiser falar conosco não vai deixar de fazê-lo por falta de oportunidade: direct messages no twitter, mensagens no celular, facebook, menções nas 459 mil redes sociais que participamos, um comentário naquela foto, no blog, isso sem falar nos quase defasados e-mails.
E, de repente, naquela manhã solitária você decide conferir esses inúmeros canais e… nada. Nada. Nem mesmo respostas àquilo que você enviou em busca de um contato, de um carinho, de um calor que chega através de palavras digitadas rapidamente. Você pode até não ter pedido com todas as letras: “me abrace, estou só”, mas quantas vezes não pedimos isso indiretamente? Quantas piadas no twitter não são feitas em busca de companhia, quantos temas polêmicos não são levantados apenas para obter respostas e ter a sensação de não estar só? Quantos milhões de blogs não possuem milhões de textos como este que, apesar da reflexão pseudo-antropológica, são nada mais, nada menos que gritos de socorro?
Não que eu tenha exatamente do que reclamar. Tenho lá meus muitos seguidores, sou mencionada todos os dias, possuo leitores fiéis aqui e nos outros blogs. Sou grata mesmo a web pelas pessoas que encontrei, que se tornaram grandes amigos, pela oportunidade de dar vazão aos meus sentimentos-bobeiras-desejos, pelos trabalhos que já consegui através de contatos via redes sociais, pelo emprego que tenho hoje e tanta coisa que se eu for enumerar daria uma lista bem longa.
Mas às vezes em meio a esse mar de conexões você não se sente como se estivesse em uma festa ruidosa, com muito barulho, gargalhadas, amizades eternas que duram poucas horas? Aí depois de muito twittar, muito blogar, muito gritar na websfera você volta pra “casa” sozinho. Ansiando por mais 140 caracteres de amor.
Por Juliana Dacoregio

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