A um jovem Poeta

Você, que ainda é puro e sabe o quão fundamental é ela para a sua aventura de poeta, fica irado contra os outros, ao sentir que a sua presente agressividade é fruto de um complexo de culpa. É você, não os outros, quem está em crise. E se os outros também o estiverem, razão a mais para você afirmar-se em sua luta, que é a luta de todo poeta, para ajudá-lo a sair dela. Pois você não auxiliará ninguém, muito menos a si mesmo, se seu coração não estiver limpo de ressentimento e sua luta contra "o outro" não for constante. "O outro", não preciso dizer, é você próprio. É o súcubo que, todos, temos dentro de nós; o ser calhorda, comprável com a moeda da mentira e da lisonja, que de repente adota a gratuidade como norma, por isso que a paixão é mais insaciável que o infinito aberto em cima. E a paixão não se vende nunca.
Cada poeta é uma coisa em si, mas todos os poetas devem o mesmo à Poesia: a própria vida. Há, o poeta, que queimar-se e causar sempre mal-estar aos que não se queimam. Há que ser o grande ferido, o grande inconformado, o grande pródigo. Há que viver em pranto por dentro e por fora, de alegria ou de sofrimento, e nunca dizer "não" a ninguém, nem mesmo àqueles que optaram pelo não chorar.
Você meu caro Jovem Poeta, que foi dotado de talento e de beleza, não tem o direito de negar-se ao seu martírio. Só ele pode tornar a sua poesia emocionante. Só ele pode salvá-lo do formalismo em que caem os que se recusam a estar sempre despertos. É preciso que todos vejam a luz que seu coração transverbera, mesmo coberto por bons panos. Não negue o seu olhar de poeta aos homens que precisam dele, mesmo tendo o pudor de confessá-lo. Abra a sua camisa e saia para o grande encontro.
Vinicius de Moraes

terça-feira, 16 de fevereiro de 2010

Documentos sobre Pio XII em breve na Internet

Brevemente estarão na Internet, com acesso livre, mais de 8 mil páginas dos “Atos e documentos da Santa Sé relativos à II Guerra Mundial”. A obra, de onze volumes, publicada pela Livraria Editora Vaticana, foi redigida pelos padres jesuítas Pierre Blet, Angelo Martini, Robert A. Graham e Burkhart Schneider.

De acordo com o site da Rádio Vaticano, o material foi publicado por ordem de Paulo VI e traz uma seleção ampla e detalhada dos documentos dos arquivos secretos do Vaticano sobre a II Guerra e o pontificado de Pio XII naqueles anos.

A iniciativa de disponibilizá-lo na Internet tem o apoio da Santa Sé, que aderiu ao pedido da Fundação “Faça o caminho” (Pave the Way Foundation-Ptwf), uma organização judaico-americana. Foi digitalizada uma antologia de 5.125 documentos pertencentes aos Arquivos Secretos do Vaticano e datados entre março de 1939 e maio de 1945. A Fundação PTW é uma organização concebida para remover os obstáculos entre as religiões, promover a colaboração e colocar fim ao abuso da religião para fins políticos.

Em entrevista à Zenit, o fundador e presidente Gary Krupp, diz que “ao desenvolver sua missão, constatou que o papado de Pio XII, na época da II Guerra, foi motivo de contestação. Este fato – explica – tem impacto sobre mais de um bilhão de pessoas. A publicação on-line de toda este material quer ser um serviço à verdade histórica”. (CNBB com Rádio Vaticano)

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